sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fala Abdala!

GERAÇÕES

Como recuperar um prestígio?Se ignoramos ou deixamos de lado o nosso próprio PRESTIGIO?O que quero dizer com isso? Recentemente li matéria em sites especializados da nobre visita do campeão olímpico das piscinas Gustavo Borges ao selecionado Sub 19 masculino que está às portas de um Mundial muito importante para esta geração e me fez pensar e relembrar de alguns fatos que acompanhei ou tive conhecimento,pois não estive próximo de me tornar um jogador do nível A do nosso basquete (mais o convívio tive um pouco) bem que tentei,era difícil chegar, minha geração que o diga, alguns conceitos do jogo como, rebote, defesa, assistência, eram pouquíssimos ou quase nunca valorizados. Tinha que “meter” bola mesmo e não tinha essa rotatividade de jogadores que hoje existe nas equipes, que bom que mudou.

Voltando ao tema “Visita de Gustavo Borges”, sinceramente quando li a noticia da visita, imediatamente veio em minha mente que o campeão estava em algum outro evento da modalidade natação na cidade (Paraíso/MG) e usaram do útil ao agradável, porque não? Um medalhista olímpico, com certeza, sempre terá o que transmitir aos jovens, de qualquer modalidade que seja.

E me parece, se não estou equivocado o nosso “técnico chefe” Rubén Magnano relatou isso numa outra entrevista, opinião minha, que foi exato o que ocorreu.

Como todos sabem que os mínimos acontecimentos nos fazem despertar ou simplesmente refletir sobre algo, qualquer que seja o assunto, não foi diferente comigo e comecei a refletir: Como que podemos recuperar nosso prestigio nas competições internacionais se não temos prestigio com nós mesmos? Ou melhor, com os nossos? Ora, rixas, invejas, dores de cotovelos a parte neste meio (e todos sabemos que tem e muito), porque não apresentam a estas gerações (Sub 16, 17,19) quem os antecederam, o que conquistaram o que tiveram que superar para chegar ao tão sonhado nível A do basquete brasileiro e mundial, como conquistou o prestigio internacional, tanto pela Seleção como pelos clubes europeus que passaram. Não acredito que pessoas (que tenho certeza que minha geração se espelhou) como Marquinhos Abdalla, Milton Setrini “Carioquinha”, Gilson Trindade, Fausto Giannecchini, Hélio Rubens, José Geraldo de Castro “Zé Geraldo”, Eduardo Agra, Marcelo Vido, Marcel Souza, Oscar Schimidt, Robertão (Franca), Nilo Guimarães, Gerson Victalino, Ricardo Guimarães “Cadum”, olhem só estes caras que tivemos no passado e que tanto nos serviram de exemplos, e com certeza estou esquecendo alguém, não tem nada a transmitir a estas novas gerações?

Dando um salto a frente, alguns mais “novos”, Israel Andrade, Wagner, Guy Peixoto, Rudinei Rodrigues, Beegu (RJ), Sartori (RJ), José Roberto “Sarro”, João Pedrosa (S.José dos Campos/SP), Ivan Sakr, Kléber (BA), André Stofell, este há anos morando nos EUA, estes caras foram vice-campeões mundiais juvenis pelo Brasil em 1979, que hoje é este Sub 19, onde perderam uma final para os Estados Unidos em Salvador (BA) para um time americano que na sua maioria virou profissional na NBA no ano seguinte, dentre eles James Worthy, lenda da NBA e dos Lakers.

Como não mencionar caras de minha geração, João Viana “Pipoka”, Paulinho Villas Boas, Luiz Zanon, Maury Souza, Rolando Ferreira, Luis Felipe Azevedo, que também contribuíram para esta seqüência que ai esta, deve com certeza estar esquecendo de mais alguém, desde já peço desculpas, mais vejo que não sou o único a esquecer de alguns nomes que fizeram história no nosso basquete que motivaram gerações, percebo que entidades também esquecem, e bastante (e não deveriam, porque tem os arquivos), dessas referências que ainda estão vivas, graças a Deus, não esquecendo jamais os que já “partiram” para outro jogo, que espero seja bem melhor e que tenha reconhecimento, saudosos Ubiratan Maciel, Adilson Freitas, Rosa Branca, Edson Bispo, Algodão, desculpem meu desconhecimento se não menciono mais alguém.

Sem pretensões de me alongar muito, mais já que falei em alguns nomes dessa geração de ouro (são dois – bi-mundial) que com certeza inspirou as seguintes, pessoas como Wlamir Marques, Amauri Passos, Edvar Simões, Jatyr, Mosquito, Sucar, Angelim e outros não menos importantes da época de glórias do nosso basquete não podem ficar “encostados”, ou melhor, “congelados” na história do nosso esporte, precisamos, ou melhor, os dirigentes precisam recolocá-los novamente no convívio das quadras, como? Levando-os, convidando-os para palestrar, transmitir suas experiências, contar seus “causos”, mais tendo como objetivo principal, que nossos jovens jogadores, nosso futuro (Sub 16, 17,19) saibam quem foi os caras que vestiram a mesma camisa que eles honram hoje e sintam a responsabilidade de vesti-la sempre.

Ou será que todos estes ex jogadores que foram citados aqui, os que estão entre nós, nada tem a transmitir na prática a estes jovens talentos, lá na quadra, no campo de jogo, orientando e mostrando como se pára e se bloqueia um adversário como Sabonis ou David Robinson, tarefa que Israel e Gerson desenvolveram por anos ou Marquinhos mostrando como se ganha espaço e se joga contra um Dino Menneghin ou como inibir o jogo de um armador como Corbalan, tarefa difícil para Carioquinha. Certamente que sim, não só estes que citei como exemplo, mais todos que aqui falamos que aliado aos estudos e a competência das comissões técnicas da base ajudariam e muito, evitando um amadurecimento tardio. Fica aqui a sugestão para quem quiser se habilitar.

Penso eu, que convidar alguns desses “monstros sagrados” do nosso basquete para serem representantes de partidas em campeonatos nacionais é muito pouco para quem tanto fez para que o basquete brasileiro tivesse uma história. E o que estas gerações construíram, cabe a nós manter-la viva, principalmente na mente desses jovens jogadores e futuros medalhistas.

Abraço a todos e obrigado pela leitura.

Abdala Salomão – Supervisor de Basquete do Abdala Sports/Pindamonhangaba-SP

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